As mãos que foram minhas
Paul Verlaine
As mãos que foram minhas,
mãos
Tão bonitas, mãos tão
pequenas,
Após tanto equívoco e
penas,
Tantos episódios pagãos,
Após os exílios medonhos
Ódios, murmurações,
torpezas,
Senhoris mais do que as
princesas
As caras mãos abrem-me os
sonhos.
Mãos no meu sono e na
minh’alma,
Pudera eu, ó mãos
celestes,
Adivinhar o que dissestes
A est’alma sem pouso nem calma!
Mente-me acaso a visão
casta
De espiritual afinidade,
De maternal cumplicidade
E de afeição estreita e
vasta?
Caro remorso, dor tão
boa,
Sonhos benditos, mãos amadas,
Oh essas mãos, mãos consagradas,
Fazei o gesto que perdoa!
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