Segundo soneto de Mariana
Alphonsus de Guimaraens Filho
Na casa em que nasci
morreu meu pai.
Rua Direita: rua em que
brinquei
na infância, e agora tudo
nela vai
perdido, é sonho. E nela,
no cansaço
do que se foi de mim, eu
reterei
acaso mais que seu
silêncio, o espaço
exíguo e pobre em que meu
ser se esvai?
A sombra em que me perco
ou me adelgaço?
Ouço vozes que chamam nos
sobrados,
nas igrejas, nas ruas
silenciosas,
e pelos meus caminhos
dissipados
a vida em cada pedra é um
lamento,
em cada sino um grito, e
suspirosas
bocas falam de um mundo:
apenas vento.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP,
Leya. Poema publicado em livro em 1959. ‘Alphonsus de Guimaraens Filho’ é
pseudônimo de Afonso Henriques de Guimarães Filho.
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