13 agosto 2015

Leão alado

Luís Delfino

Como um leão, que volta, e vem do firmamento,
Tinta a boca de luz dos astros imortais,
E que na fulva garra – ousado e famulento, –
Arranca ao céu azul pedaços colossais...

E sacudindo a crina e as asas d’oiro ao vento,
Como às girafas dos seus pátrios areais,
Das estrelas no colo – indômito e violento, –
Mete o dente... e revoa em procura de mais...

Seu gênio assim – Leão alado da harmonia, –
Roubava as ideais estrelas da poesia,
Pendurando-as da pátria aos múltiplos florões...

Quem não ouve o fremir dos mundos fulgurosos,
Nos ombros carregando os versos sonorosos
Do canto secular que nos legou Camões?!

Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. O poema acima – publicado em livro em 1927, com a dedicatória ‘A Luís de Camões’ – integra um conjunto de cinco sonetos (‘Camoneana’) escritos em alusão ao terceiro centenário da morte do poeta português, em 10/6/1880. Para ler um poema de Camões, ver aqui.

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