A primeira grande transição
Clive Ponting
Durante aproximadamente
dois milhões de anos, os seres humanos viveram da colheita, do pastoreio e da
caça. Depois, no espaço de tempo de alguns milhares de anos, emergiram para um
modo de vida radicalmente diferente, baseado em importante alteração de
ecossistemas naturais, objetivando a produção de grãos e de pasto para os
animais. Esse sistema de produção de alimentos mais intensiva foi desenvolvido
separadamente em três regiões importantes do mundo – o sudoeste da Ásia, a
China e a América Central – e marcou a transição mais importante da história
humana. Como esse sistema oferecia quantidades muito maiores de alimentos,
tornou possível a evolução de sociedades estabelecidas, complexas e
hierarquizadas e um ritmo de crescimento muito mais acelerado da população
humana. Há cerca de 10.000 anos, antes da evolução da agricultura, a população
mundial era de aproximadamente quatro milhões de habitantes, aumentando muito
lentamente até chegar a cinco milhões por volta de 5.000 a.C. Depois, no
período crucial em que as sociedades estabelecidas desenvolveram-se em escalas
aceleradas depois de 5.000 a.C., começou a dobrar a cada milênio, até alcançar
50 milhões em 1.000 a.C., passando a 100 milhões nos 500 anos seguintes e a 200
milhões no ano 200 d.C. Essa tendência ascendente continuou a partir de então,
embora não acontecesse em um ritmo estável, sendo frequentemente interrompida
pelas consequências da fome e de doenças, sendo que, atualmente, a agricultura
sustenta uma população mundial de mais de cinco bilhões de habitantes.
[...]
Fonte: Ponting, C. 1995
[1991]. Uma história verde do mundo.
RJ, Civilização Brasileira.
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