29 agosto 2016

Balanço

Adolfo Casais Monteiro

Afinal, toda a minha poesia era verdade...
A noite é infindável, e os dias
são a mesma vastidão de carne apodrecida
morrendo sem saber de que morria.
Os rios são os mesmos, ou as ruas,
que só levam lá de onde não saí.
O silêncio é sempre a única resposta.

Se não pedi, que haviam de me dar?

Fonte: Melo e Castro, E. M. 1973. O próprio poético. SP, Quíron. Poema publicado em livro em 1969.

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