É noite. Paira no ar uma etérea magia
Gilka Machado
É noite. Paira no ar uma
etérea magia;
nem uma asa transpõe o
espaço ermo e calado;
e, no tear da amplidão, a
Lua, do alto, fia
véus luminosos para o
universal noivado.
Suponho ser a treva uma
alcova sombria,
onde tudo repousa unido,
acasalado.
A Lua tece, borda, e para
a Terra envia,
finos, fluidos filós, que
a envolvem lado a lado.
Uma brisa sutil, úmida,
fria, lassa,
erra de quando em quando.
É uma noite de bodas
esta noite... há por tudo
um sensual arrepio.
Sinto pelos no vento... é
a Volúpia que passa,
flexuosa, a se roçar por
sobre as coisas todas,
como uma gata errando em
seu eterno cio.
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