Ego e ideologia
Erik Erikson
O fenômeno tem aspectos
evolutivos bem como históricos. Eu colocaria do seguinte modo: O homem se
tornou dividido em pseudoespécies e, na presente era, tenta superar uma das
últimas formas desse fenômeno, que é o nacionalismo. O animal tribal está na
defensiva, justamente porque ideologias mais inclusivas estão sendo formuladas.
Mas, como formar uma identidade mais ampla – este torna-se agora o problema da
juventude. Na minha opinião, o adolescente é dirigido e frequentemente
perturbado por uma nova pressão quantitativa de impulsos conflitantes. Assim, o
aspecto ontogenético da adolescência é realmente representativo daquilo que a
força do ego de cada indivíduo precisa tentar resolver num único momento, a
saber, o desgoverno interno e as condições mutáveis. Uma pessoa cujas potencialidades
como pessoa não podem ser atualizadas nas tendências históricas do seu tempo,
simplesmente, fica mais desnorteada a respeito do que a impulsiona amorfamente,
mas inclinada a regredir e, desse modo, também mais importunada por
remanescentes infantis na sua sexualidade. Você pode ver, em qualquer jovem,
que ele pode exercer a sexualidade sem dificuldades, pode se expor a crises e
absorver alguns equívocos graves. Assim, a identidade tem essa importância no
desenvolvimento. Mas, depois, ela tem também o seu lado social, que é o que a
torna psicossocial. Como base no desenvolvimento cognitivo, a pessoa jovem está
procurando uma estrutura ideológica com a qual enfrentará um futuro de vastas
possibilidades. É muito importante ver que ideologias, por definição, não podem
ser constituídas de valores maduros. Os adolescentes são facilmente seduzidos
por regimes totalitários e todas essas tendências que oferecem alguns valores
transitórios falsos. Enquanto a adolescência é vulnerável a ideias falsas, ela
pode colocar uma grande energia e lealdade à disposição de qualquer sistema
convincente. Isto é o que a torna tão trágica e dá a todos os criadores de
novos valores tamanha responsabilidade. Nós, no Ocidente, pensamos que queremos
só defender um estilo de vida, enquanto, de fato, estamos também criando e
exportando ideologias tecnológicas e científicas, que têm seus próprios
caminhos para reforçar o conformismo. Estas são duas grandes fontes de
identidade contemporânea e de confusão de identidade: a crença na tecnologia e
a reafirmação de uma espécie de humanismo. Ambas podem ser obsoletas, na sua
utopia, inadequadas ao esforço gigantesco do homem para controlar os seus
próprios poderes.
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