19 julho 2017

Colonialismo, devastação, fome

Andrea Wulf

Mais tarde, em Cuba, [Alexander von] Humboldt reparou que em vastas porções da ilha a cobertura florestal tinha sido devastada para dar lugar a plantações de [cana-de-açúcar]. Para onde quer que fosse, Humboldt via a maneira como as lavouras produzidas não para subsistência do agricultor, mas destinadas a render lucro, tinham substituído os vegetais que fornecem nutrição. Cuba não produzia muita coisa além de açúcar, o que significava que, sem produtos importados de outras colônias, “a ilha morreria de fome”. Era a receita de dependência e injustiça. De maneira semelhante, os habitantes da região em torno de Cumaná [Venezuela] cultivavam tanto açúcar e índigo que eram obrigados a comprar do exterior comida que poderiam facilmente produzir por conta própria. A monocultura e o modelo de produção agrícola voltado à exportação e ao lucro não [criavam] uma sociedade feliz, disse Humboldt. Era necessário um sistema de agricultura de subsistência, baseado em culturas comestíveis para consumo próprio e variedade de alimentos como bananas, quinoa, milho e batatas.
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Fonte: Wulf, A. 2016. A invenção da natureza: A vida e as descobertas de Alexander von Humboldt. SP, Crítica.

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