21 fevereiro 2019

Por falar em pilantragem...


Como era esperado, o CRF pegou carona no bonde da embromação conduzido pela Vale SA (ex-CVRD).

Segundo o noticiário de ontem (20), o ‘grupo de trabalho’ que sentou para conversar com os dirigentes do clube teria proposto o seguinte: (1) Indenização: R$ 2 milhões para cada uma das 10 famílias envolvidas; e (2) Pensão: R$ 10 mil / mês / família, durante 30 anos. (Estamos aqui a falar do caso dos 10 adolescentes, com idades entre 14 e 17 anos, que morreram no incêndio que houve no CT do CRF, na madrugada de 8/2.) O custo total (em valores de hoje) seria de R$ 56 milhões.

A contraproposta do CRF: (1) Indenização: entre R$ 300 e 400 mil para cada uma das 10 famílias envolvidas (para fins de cálculo, fixei o valor em R$ 350 mil); e (2) Pensão: ~R$ 1 mil / mês / família, durante 10 anos. O custo total (em valores de hoje) seria de R$ 4,7 milhões.

Para colocar estes números em perspectiva, bastaria dizer o seguinte: em 2017, o passe do jogador Vinícius Jr. foi negociado pelo CRF por um valor equivalente a R$ 164 milhões.

Além de ter um time de futebol, o CRF é também uma empresa – como o são todos os demais clubes que disputam os campeonatos brasileiros (séries A-D), a despeito das diferenças óbvias de tamanho e orçamento.

E, como toda empresa, o CRF tem mais força que qualquer um dos seus empregados, tomados separadamente. Em uma situação de conflito, a única chance de vitória que os empregados têm emerge da união e da ação combinada deles. Separados e divididos, eles são presas fáceis e serão destruídos. Não é de estranhar, portando, que o clube tenha saído da reunião de hoje dizendo que agora vai tratar com cada uma das famílias, separadamente.

Acredito em recuperação moral, mesmo entre capitães de indústria e mafiosos, mas o jogo de palavras soa irresistível: “Uma vez pilantra, pilantra até morrer...”

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