20 janeiro 2022

Contra a realização do Carnaval 2022

Felipe A. P. L. Costa [*].

Como todos nós sabemos, há uma pandemia da doença do coronavírus 2019 (Covid-19) em curso no país. O que talvez nem todos saibam é que (ainda) não estamos a descer a ladeira da pandemia. Ao contrário, as estatísticas (e as métricas) indicam que estamos a subir mais uma ladeira. E a subir de maneira vertiginosa.

Basta ver o seguinte: as estatísticas disponíveis mostram que a taxa de crescimento no número de casos aumentou 18 vezes ao longo das últimas quatro semanas. (Para detalhes, ver o artigo Covid-19 – Correndo para continuar parado: Culpa do vírus ou dos adoradores do bezerro de ouro?.)

Eis os percentuais: de 0,0165% (20-26/12), a taxa saltou para 0,0345% (27/12-2/1), daí quadruplicou para 0,1472% (3-9/1) e, por fim, duplicou de novo, chegando a 0,2997% (10-16/1).

Se continuar duplicando, teremos 0,6002% (17-23/1), 1,2041% (24-30/1) e assim por dia. Nesse ritmo, daqui a três semanas serão 31 milhões de infectados (31/1-6/2); em seguida, 44 milhões (7-13/2), 85 milhões (14-20/2) e, por fim, na última semana de fevereiro, 326 milhões (21-27/2)!

Em outras palavras, toda a população brasileira estaria infectada até a última semana de fevereiro. (Lembrando que a população do país gira hoje em torno de 214 milhões – para detalhes, ver aqui.)

CAPRICHOS DA CLASSE DOMINANTE.

Dito isto, gostaria de chamar a atenção para um risco desnecessário que ainda não foi de todo removido do caminho: o Carnaval 2022. Ou, mais especificamente, a realização de bailes e desfiles de escolas de samba.

Não bastasse a demonstração de desprezo pelos mortos e pela população em geral, a realização de tais eventos nas atuais circunstâncias: (1) é meramente um capricho (além de uma demonstração de força) de alguns segmentos da classe dominante; e (2) será mais uma barbeiragem sanitária a impulsionar a propagação do vírus entre nós.

O Carnaval 2022 deveria ser suspenso. Em todas as suas manifestações – i.e., tanto as aglomerações de massa ao ar livre como também as aglomerações em espaços internos ditos ‘controlados’. Neste sentido, repito o que escrevi em artigo anterior (aqui):

“Muitos prefeitos fizeram a coisa certa e cancelaram antecipadamente tanto os eventos de fim de ano como o Carnaval. Mas nem todos. Os casos das cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo talvez sejam os mais emblemáticos e os mais vergonhosos de todos. Pois os prefeitos daquelas cidades ainda não foram capazes de reunir forças o suficiente para enfrentar a turma (e.g., mídia e patrocinadores) que pressiona pela realização de ‘eventos controlados’, como o tal desfile das escolas de samba.”

CODA.

Não acredito que a taxa de crescimento siga a duplicar por mais seis semanas, como na simulação referida acima. Todavia, também não acredito que começaremos a descer a ladeira – e a esvaziar os hospitais – antes do Carnaval 2022 (originalmente previsto para 25/2-1/3).

Motivos pelos quais eu defendo que as autoridades sanitárias que pensam e agem não só com os bolsos, mas também com o cérebro, devem se manifestar clara e firmemente contra a realização do Carnaval 2022, em todas as suas manifestações, incluindo bailes e desfiles de escolas de samba.

*

NOTA.

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