19 agosto 2022

Fortuna, por meu mal, me tem mudado

Ronald de Carvalho

Fortuna, por meu mal, me tem mudado
Todo o prazer da vida em dissabor;
Pois, onde ponho meu maior cuidado,
Logo ela põe tristezas e amargor.

Por que será que, em danos, o meu Fado
Vem convertendo sempre? Acaso, Amor
Só traz doçura, quando desolado,
Só tem perfume, quando tem travor?

Mas quem será que um brando e leve crime
Me fez pagar com penas dolorosas?
Será Fortuna, mesmo, que me oprime

A alma cheia de errores, ou serão
Essas ondas geladas, caprichosas,
Que andam boiando em vosso coração?

Fonte (v. 11-14): Ferreira, A. B. H. 2009. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa, 4ª ed. Curitiba, Positivo. Poema publicado em livro em 1919.

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