05 outubro 2022

Os ciclos de sobe e desce nos números seriam tão somente frutos de erros amostrais?


RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia divulgadas em artigo anterior (aqui). No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento. Entre 26/9 e 2/10, as taxas ficaram em 0,0195% (casos) e 0,0107% (mortes). Ambas tornaram a subir em relação aos valores da semana anterior, caracterizando assim um segundo ciclo de sobe e desce nos números. Talvez em razão de erros amostrais. Fato é que a pandemia ainda não acabou. Máscaras e vacinas seguem na ordem do dia.

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1. ESTATÍSTICAS MUNDIAIS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.

Levando em conta as estatísticas obtidas no fim da manhã de hoje (3/10) [1], eis um resumo da situação mundial.

(A) – Em números absolutos, os 20 países mais afetados [2] estão a concentrar 74% dos casos (de um total de 618.169.169) e 69% das mortes (de um total de 6.547.254) [3].

(B) – Nesses 20 países, 444 milhões de indivíduos receberam alta, o que corresponde a 98% dos casos. Em escala global, 604 milhões de indivíduos já receberam alta.

(C) – Olhando apenas para as estatísticas das últimas quatro semanas, eis um resumo da situação: (i) em números absolutos, a lista segue a ser liderada pelo Japão, com 1,69 milhão de novos casos; (ii) entre os cinco primeiros da lista, estão ainda os Estados Unidos (1,63 milhão), a Rússia (1,3), a Coreia do Sul (1,22) e a Alemanha (1,14). O Brasil (216 mil) está na 10ª colocação; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue a ser liderada pelos Estados Unidos (11,81 mil); em seguida aparecem Japão (3,5 mil), Rússia (2,72), Alemanha (2,3) e Brasil (1,8).

2. ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS: SEMANA 26/9-2/10.

Ontem (2/10), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, foram registrados em todo o país mais 1.023 casos e 66 mortes [4]. Teríamos chegado assim a um total de 34.679.533 casos e 686.320 mortes.

Na semana encerrada ontem (26/9-2/10), foram registrados 47.313 casos e 515 mortes. Os dois totais subiram em relação aos números da semana anterior (19-25/9: 45.173 casos e 429 mortes).

3. O RITMO DA PANDEMIA EM TERRAS BRASILEIRAS.

Para monitorar de perto o ritmo e o rumo da pandemia, sigo a usar como guias as taxas de crescimento no número de casos e de mortes. Após uma breve estagnação, ambas tornaram a cair em relação aos valores da semana anterior.

Vejamos os resultados mais recentes.

A taxa de crescimento no número de casos subiu de 0,0186% (19-25/9) para 0,0195% (26/9-2/10) (ver a figura que acompanha este artigo) [5].

A taxa de crescimento no número de mortes subiu de 0,0089% (19-25/9) para 0,0107% (26/9-2/10).

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FIGURA. O comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 12/9/2021 e 2/10/2022. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso.

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4. CODA.

As taxas de casos e mortes tornaram a subir. Olhando para as quatro últimas semanas, não é difícil perceber a ocorrência de dois ciclos sucessivos de sobe e desce nessas taxas.

Na ausência de informações adicionais, eu não saberia dizer o que exatamente poderia estar gerando essa dinâmica. Mas deixo aqui o melhor palpite explicativo que consigo formular neste momento: Os ciclos de sobe e desce seriam fruto de um mero erro de amostragem. (Vale registrar que estamos a lidar com números absolutos cada vez mais baixos. Felizmente. Na maioria das unidades federativas, por exemplo, as somas semanais de mortes estão abaixo de 30.)

Fato é que a pandemia ainda não acabou. Máscaras e vacinas seguem na ordem do dia, sobretudo no interior de recintos fechados. (Lembrando que a vacina combate a doença, mas não impede o contágio. O que pode impedir o contágio é o uso correto de máscara facial.)

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NOTAS.

[*] Há uma campanha de comercialização envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.

[1] Como comentei em ocasiões anteriores, as estatísticas de casos e de mortes estão a seguir o painel Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA), enquanto as de altas estão a seguir o painel Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).

[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em 9 grupos: (a) Entre 95 e 100 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 40 e 45 milhões – Índia; (c) Entre 30 e 35 milhões – França, Brasil e Alemanha; (d) Entre 20 e 25 milhões – Coreia do Sul, Reino Unido, Itália, Japão e Rússia; (e) Entre 15 e 20 milhões – Turquia; (f) Entre 12 e 15 milhões – Espanha; (g) Entre 10 e 12 milhões – Vietnã e Austrália; (h) Entre 8 e 10 milhões – Argentina e Países Baixos; e (i) Entre 6 e 8 milhões – Irã, México, Taiwan e Indonésia.

[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver os volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver qualquer um dos três primeiros volumes.

[4] Esses valores, infelizmente, são subestimativas. Explico: 18 unidades federativas (AC, AL, AP, CE, DF, ES, MA, MG, MT, PB, PE, PI, PR, RJ, RN, RR, SE e TO) não divulgaram as estatísticas de ontem (2/10).

[5] Para conferir os valores numéricos, ver aqui (entre 27/12/2021 e 26/6/2022) e aqui (semanas anteriores).

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