16 agosto 2023

Seleção perinatal

Melvin Konner

A calma e independência das mulheres Zhun/twa em relação à gravidez e ao parto é notável. Não há controle médico da gravidez ou do parto, e não há parteiras ou outras pessoas nativas que tradicionalmente cuidam dos nascimentos. A mulher é em grande parte independente. Quando as primeiras contrações uterinas começam, ela simplesmente deixa a vila sozinha ou acompanhada de uma ou mais mulheres. O parto ocorre no matagal próximo. Se o bebê estiver vivo, a mãe volta com ele par a vila.

Ela pode retomar imediatamente suas atividades normais ou descansar durante alguns dias dependendo do seu estado e disposição. Um período de repouso antes e após o parto não é habitual. O bebê só é colocado no seio depois que o colostro foi expelido, podendo ser amamentado por outra mulher lactante ou simplesmente esperar durante dois ou três dias até que sua mãe tenha leite.

Os Zhn/twa acreditam que o feto forma-se pela união do esperma e do sangue menstrual. Não mantêm relações sexuais durante a menstruação com o objetivo de evitar que a mulher engravide, além de acreditarem que relações sexuais durante este período podem ‘ser prejudiciais para o homem’. Além deste equívoco desastroso, dois métodos bem-sucedidos de controle populacional foram relatados pelos informantes Zhun/twa.

Fonte: Konner, M. J. 1981 [1972]. In: N. Blurton Jones, ed. Estudos etológicos do comportamento da criança. SP, Pioneira.

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