Ó páginas da vida que eu amava
Álvares de Azevedo
Ó páginas da vida que eu amava,
Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!...
Ardei, lembranças doces do passado!
Quero rir-me de tudo que eu amava!
E que doido que eu fui! como eu pensava
Em mãe, amor de irmã! em sossegado
Adormecer na vida acalentado
Pelos lábios que eu tímido beijava!
Embora – é meu destino. Em treva densa
Dentro do peito a existência finda...
Pressinto a morte na fatal doença!...
A mim a solidão da noite infinda!
Possa dormir o trovador sem crença...
Perdoa, minha mãe – eu te amo ainda!
Fonte: Horta, A. B. 2007. Criadores de mantras. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 1862.
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