25 julho 2025

Bases econômicas do casamento

Alan Macfarlane

Para realizar um casamento bem-sucedido no período entre os séculos XV e XIX, julgava-se necessário ter quatro tipos de posses. Primeiro, era preciso ter onde morar – de preferência uma casa própria. Segundo, havia necessidade de móveis, utensílios de cozinha, camas e roupas. Terceiro, era essencial uma perspectiva de rendimentos seguros pelos anos seguintes. [...] Finalmente, era aconselhável ter algum dinheiro à mão – para cobrir os custos iniciais, para os gastos dispendiosos com o nascimento de filhos e para a eventualidade de acidentes e doenças. [...]

O casamento era um pequeno empreendimento em que a mulher entrava com a mobília, o capital líquido e suas habilidades. E o homem, com que contribuía? Os dois principais elementos que fornecia para o fundo conjugal eram um abrigo, isto é, uma casa onde morar, e um meio de ganhar a vida. Este último consistia, caracteristicamente, numa terra com as ferramentas necessárias e cabeças de gado, ou um pequeno negócio com seus ativos e estoques, ou ainda uma profissão que prometia uma carreira ascendente – médico ou advogado, por exemplo. Em outras palavras, um homem tinha de ter uma perspectiva de ‘vida’. A ela devotaria, com a ajuda da esposa, seu trabalho, ganhando o suficiente para educar os filhos e guardar para a velhice.

Fonte: Macfarlane, A. 1990. História do casamento e do amor. SP, Companhia das Letras.

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