Longe da China
Rodrigo Otávio
Eis a triste asiática formosa,
alma que vive, em sonhos, no castelo
de porcelana, em que deliciosa
correu-lhe a infância junto ao noivo belo,
a visionária, a mística, a saudosa
de olhos de amêndoa... Eterno pesadelo
transporta seu espírito à arenosa
planície onde abre o cáctus amarelo.
Não sei se o que ela vive é mesmo vida...
Vagueia à noite solitária pelas
ruas desertas, se o luar aclara;
olha o céu, olha o oceano e comovida
pede às ondas do mar, pede às estrelas
novas do ingrato que em Pequim ficara...
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 4. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1887.
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