Ronda dos pirilampos
Nilo Aparecida Pinto
(Diógenes, com uma lanterna nas mãos,
procurava um homem...)
Quando, na aldeia, o luar era um tesouro,
Nos caminhos de luz da redondeza,
Eu saía a fitar o incêndio louro
Dos pirilampos, pela relva acesa...
Eu tinha então um sonho imorredouro
De altura; e, num prenúncio de beleza,
Julgava-os – ai de mim! – lanternas de ouro
Na árvore de Natal da natureza...
Cresci. A vide atraiçoou meu sonho...
E é por isso, talvez, que hoje, tristonho,
Se procuro, na noite, os esquecer,
Vejo-os, com as verdes lâmpadas, e em bando,
Como se fossem Diógenes buscando
O homem sublime que não pude ser!...
Fonte: Lenko, K. & Papavero, N. 1979. Insetos no folclore. SP, Conselho Estadual de Artes e Ciências Humanas. Poema publicado em livro em 1948.
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