17 dezembro 2013

Sem amor

Galaktion Tabidze

Sem amor,
Não resplandece o sol na abóbada celeste,
Nem se agita a floresta ou sopra o vento,
De alegria...
Sem amor, não existe beleza
E nem a imortalidade não mais existe.
Mesmo a última flor, aquele amor derradeiro,
Que o outono desflora,
E tantas vezes melhor que o primeiro.
Não invoca as tempestades
Das paixões insensatas.
Não invoca nem o jovem ardor,
Nem as vozes selvagens...
Cultivado no frio e no vento do outono,
Que sopra sobre os campos,
Em nada se parece com
As ternas flores, ou com aquelas frágeis da primavera.
Em lugar do doce Zéfiro é o vento de tempestade
Que a acaricia.
Não a paixão, mas a carícia muda
Que o enlaça e aperta.
Assim se consome, assim se dissipa o último
Amor.
Consome-se sem dor, com doçura, mas
Sem alegria.
E não existe no mundo
Imortalidade.
Mesmo a imortalidade não pode existir,
Sem amor! 

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM. Poema publicado em 1913.

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