Venho de longe, trago o pensamento
Paulo Bonfim
Venho de longe, trago o pensamento
Banhado em velhos sais e
maresias;
Arrasto velas rotas pelo
vento
E mastros carregados de
agonias.
Provenho desses mares esquecidos
Provenho desses mares esquecidos
Nos roteiros de há muito
abandonados
E trago na retina
diluídos
Os misteriosos portos não
tocados.
Retenho dentro da alma, preso à quilha
Retenho dentro da alma, preso à quilha
Todo um mar de sargaços e
de vozes,
E ainda procuro no
horizonte a ilha
Onde sonham morrer os
albatrozes...
Venho de longe a
contornar a esmo,
O cabo das tormentas de
mim mesmo.
Fonte (exceto os versos
9-12): Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1951.Observação, em 31/1/2015: este poema já havia sido publicado no blogue (aqui).
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