13 fevereiro 2014

A dupla hélice

James D. Watson

1.
Nunca vi Francis Crick num estado de espírito modesto. Talvez com outras pessoas ele se mostrasse assim, mas nunca tive razões para o julgar de outra forma. Isto nada tem a ver com a sua presente fama. Ele já é hoje bastante falado, habitualmente com reverência, e talvez um dia seja incluído na categoria de um Bohr ou de um Rutherford. Tal, porém, não acontecia quando, no outono de 1951, cheguei aos Laboratórios Cavendish, da Universidade de Cambridge, para me reunir a um pequeno grupo de físicos e químicos que trabalhavam em estruturas tridimensionais de proteínas. Nessa época tinha ele 35 anos e era quase completamente desconhecido. Embora alguns dos seus mais próximos colegas tivessem consciência do valor da sua mente rápida e penetrante, e frequentemente procurassem o seu conselho, muitas vezes era pouco apreciado e muita gente pensava que [ele] falava [demais].
[...]

Fonte: Watson, J. D. 1987 [1968]. A dupla hélice. Lisboa, Gradiva.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker