A dupla hélice
James D. Watson
1.
Nunca vi Francis Crick
num estado de espírito modesto. Talvez com outras pessoas ele se mostrasse assim,
mas nunca tive razões para o julgar de outra forma. Isto nada tem a ver com a
sua presente fama. Ele já é hoje bastante falado, habitualmente com reverência,
e talvez um dia seja incluído na categoria de um Bohr ou de um Rutherford. Tal,
porém, não acontecia quando, no outono de 1951, cheguei aos Laboratórios Cavendish,
da Universidade de Cambridge, para me reunir a um pequeno grupo de físicos e
químicos que trabalhavam em estruturas tridimensionais de proteínas. Nessa
época tinha ele 35 anos e era quase completamente desconhecido. Embora alguns
dos seus mais próximos colegas tivessem consciência do valor da sua mente
rápida e penetrante, e frequentemente procurassem o seu conselho, muitas vezes
era pouco apreciado e muita gente pensava que [ele] falava [demais].
[...]
Fonte: Watson, J. D. 1987
[1968]. A dupla hélice. Lisboa,
Gradiva.
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