Vandalismo
Augusto dos Anjos
Meu coração tem catedrais
imensas,
Templos de priscas e
longínquas datas,
Onde um nume de amor, em
serenatas,
Canta a aleluia virginal
das crenças.
Na ogiva fúlgida e nas
colunatas
Vertem lustrais
irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas
suspensas
E as ametistas e os
florões e as pratas.
Como os velhos Templários
medievais
Entrei um dia nessas
catedrais
E nesses templos claros e
risonhos...
E erguendo os gládios e
brandindo as hastas,
No desespero dos
iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus
próprios sonhos!
Fonte: Anjos, A. 2004. Eu e outros poemas, 46ª edição. RJ,
Bertrand. A primeira edição do livro foi publicada em 1912.
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