Embarque para Citera
Emiliano Perneta
De resto, quanto a mim, a
mais doce quimera
É sempre essa ilusão de
uma nova paisagem,
E por isso também, por
isso quem me dera
Que a minha vida fosse
uma grande viagem.
Quem me dera poder, à
tarde, quando a aragem
Sopra ríspida, entrar na
primeira galera,
E errando sobre o mar, ó
rude marinhagem,
No outono, estar aqui, e
ali, na primavera!
Quando o encanto, porém,
sorri, quando me vejo,
Ora num coração, ora
noutro, que esteve
A palpitar por mim de
orgulho e de desejo;
Ah! quando vibro assim! É
melhor, na verdade,
Que se andasse no mar
numa trirreme leve,
De prazer em prazer, de
cidade em cidade...
Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado em livro em 1911.
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