A catedral
Alphonsus de Guimaraens
Entre brumas ao longe
surge a aurora,
O hialino orvalho aos
poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu
sonho
Aparece, na paz do céu
risonho,
Toda branca de sol.
E o sino canta em
lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!”
O astro glorioso segue a
eterna estrada.
Uma áurea seta lhe
cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu
sonho,
Onde os meus olhos tão
cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.
E o sino clama em
lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!”
Por entre lírios e lilases
desce
A tarde esquiva:
amargurada prece
Põe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu
sonho
Aparece, na paz do céu
tristonho,
Toda branca de luar.
E o sino chora em lúgubres responsos:
E o sino chora em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!”
O céu é todo trevas: o
vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira
ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu
sonho
Afunda-se no caos do céu
medonho
Como um astro que já
morreu.
E o sino geme em lúgubres responsos:
E o sino geme em lúgubres responsos:
“Pobre Alphonsus! Pobre
Alphonsus!”
Fonte: Ricieri, F., org.
2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado em livro em 1899. ‘Alphonsus
de Guimaraens’ é pseudônimo de Afonso Henriques da Costa Guimarães.
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