27 janeiro 2015

Desertos em marcha

Paul B. Sears

3.
[...]
Ao tempo de Carlos Magno, que foi um chefe esclarecido, iniciou-se a destruição das florestas da Europa Ocidental, operação que continuou através do século 13. No fim da Idade Média, a terra estava grandemente despida de suas árvores, como a região mediterrânea antes da era cristã, e surgiram leis severas contra o corte. As ideias avançadas herdadas de Roma logo se perderam. Os campos foram usados e depois abandonados. Os lordes feudais mudavam seus quartéis-generais de um castelo para outro, para fugir, ao que se disse, da sujeira acumulada. Mas o coeficiente de tolerância da sujeira era tão alto naqueles dias que a mudança devia ser ocasionada pelo propósito de usar novas fontes de alimento à medida que os velhos campos se exauriam. Tal sistema é errôneo. A recuperação leva muito tempo e uma parte muito grande da terra fica parada. Figuras pintadas e esculpidas do período representam seres humanos emaciados e raquíticos; e como essas figuras eram mais comuns na arte [sacra], ainda achamos, em grande parte, que anemia e santidade são inseparáveis. A culpa, na verdade, era da dieta inadequada e da má nutrição em imensa escala, como encontramos em comunidades rurais atrasadas.
[...]

Fonte: Hardin, G., org. 1967. População, evolução & controle da natalidade. SP, Companhia Editora Nacional & Edusp. Trecho de livro originalmente publicado em 1935.

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