Succubus
Alphonsus de Guimaraens
Às vezes, alta noite,
ergo em meio da cama
O meu vulto de espectro,
a alma em sangue, os cabelos
Hirtos, o torvo olhar
como raso de lama,
Sob o tropel de um
batalhão de pesadelos.
Pelo meu corpo todo uma
Fúria de chama
Enrosca-se, prendendo-o em
satânicos elos:
– Vai-te Demônio
encantador, Demônio ou Dama,
Loira Fidalga infiel dos
infernais Castelos!
Como um danado em raiva
horrenda, clamo e rujo.
Hausto por hausto aspiro
um ar de enxofre: tento
Erguer a voz, e como um
réptil escabujo.
– Quem quer que sejas,
vai-te, ó tu que assim me assombras!
Acordo: o céu, lá fora,
abre o olhar sonolento,
Cheio da compunção dos
luares e das sombras.
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