O caso dos dez negrinhos (romance policial brasileiro)
Braulio Tavares
Dez negrinhos numa cela
e um deles já não se
move.
Fugiram de manhã cedo,
mas eram nove.
Nove negrinhos fugindo
e um deles, o mais
afoito,
dançou: cruzou com uma
bala...
Correram oito.
Oito negrinhos trabalham
de revólver e canivete;
roupa cáqui vem chegando,
fugiram sete.
Sete negrinhos passando
pela rua de vocês;
alguém chamou a polícia,
correram seis.
Seis negrinhos dão o
balanço:
bolsa, anel, relógio,
brinco...
Houve um erro na
partilha,
sobraram cinco.
Cinco negrinhos de olho
na saída do teatro.
Um vacilou, deu
bobeira...
Correram quatro.
Quatro negrinhos
trombando,
todos quatro de uma vez.
Um deles a gente agarra,
mas fogem três.
Três negrinhos que
batalham
feijão, farinha e arroz.
Um se deu mal: a comida
dava pra dois.
Dois negrinhos se
embebedam
de brahma, cachaça e rum.
Discussão, briga,
navalha...
e fica um.
E um negrinho vem
surgindo
no meio da multidão.
Por trás desse
derradeiro...
vem um milhão.
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