A uma jovem espanhola
Manuel Antônio de Almeida
És tão mimosa e tão bela,
Como a
estrela,
Que desponta rutilante,
E que se mira luzente
Na
corrente,
Que a retrata
deslumbrante.
És airosa, qual palmeira
Que
altaneira
Sua coma eleva ao ar,
Ou qual batel enfunado,
Que
apressado
Desliza à face do mar.
Esses teus olhos
brilhantes
Fulgurantes
Têm um quê, que diz –
amor –,
Eu que os buscara evitar
Sem
pensar
Me queimei no seu calor.
Esses lábios teus corados,
Engraçados,
E teus dentes de marfim,
São dotes que te invejara
E
cobiçara
O mais lindo Querubim.
A ti, virgem tão formosa,
Tão
donosa
Votei santo e puro amor;
E tu serás insensível,
Impassível
Aos votos do Trovador?
Ah! não o sejas, Deidade,
Tem
piedade
Deste mísero cantor;
Com teus olhos tão
brilhantes,
Fulgurantes
Dá-lhes doce olhar de
amor;
Com teus lábios tão corados,
Engraçados,
Dize um – sim – que lhe
dê vida,
E serás na lira amada,
Decantada,
E no seu peito querida.
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