01 outubro 2015

Epígrafe

Eugénio de Castro

Murmúrio d’água na clepsidra gotejante,
Lentas gotas de som no relógio da torre,
Fio d’areia na ampulheta vigilante,
Leve sombra azulando a pedra do quadrante,
Assim se escoa a hora, assim se vive e morre...

Homem, que fazes tu? Para que tanta lida,
Tão doidas ambições, tanto ódio e tanta ameaça?
Procuremos somente a Beleza, que a vida
É um punhado infantil de areia ressequida,
Um som d’água ou de bronze e uma sombra que passa...

Fonte: Amaral, E.; Patrocínio, M. F.; Leite, R. S. & Barbosa, S. A. M. 2013. Novas palavras: 2º ano, 2ª edição. SP, FTD. Poema publicado em livro em 1906.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker