18 abril 2016

A minha consciência

Euphrase Kezilahabi

A consciência, como uma corda ao pescoço, me constringe
E, como uma cabra, estou atado à humanidade.
A corda é curta e já tracei um círculo.
Toda erva que pude já devorei,
Mas, diante de mim, vejo muita outra
Que não consigo alcançar, a corda, a corda!

Oh! Estou atado como um cão
E, lutando pela liberdade, infelizmente,
Ao prato do céu dei-lhe um pontapé.
Quando toco nele com os lábios,
Resvala para mais longe e não posso mais alcançá-lo.
E aqui, onde estou atado,
Já está sujo e não posso mover-me.

Uma corda invisível não se pode cortar
E agora não quero que seja cortada.
A cabra quando se soltou arruinou os campos,
E o cão mordeu a gente.
Agradeço a quem me atou,
Mas devo dizer com força:
“Aqui onde estou, falta-me a liberdade”.

Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe. Porto Alegre, L&PM.

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