A minha consciência
Euphrase Kezilahabi
A consciência, como uma
corda ao pescoço, me constringe
E, como uma cabra, estou
atado à humanidade.
A corda é curta e já
tracei um círculo.
Toda erva que pude já
devorei,
Mas, diante de mim, vejo
muita outra
Que não consigo alcançar,
a corda, a corda!
Oh! Estou atado como um
cão
E, lutando pela
liberdade, infelizmente,
Ao prato do céu dei-lhe
um pontapé.
Quando toco nele com os
lábios,
Resvala para mais longe e
não posso mais alcançá-lo.
E aqui, onde estou atado,
Já está sujo e não posso
mover-me.
Uma corda invisível não
se pode cortar
E agora não quero que
seja cortada.
A cabra quando se soltou
arruinou os campos,
E o cão mordeu a gente.
Agradeço a quem me atou,
Mas devo dizer com força:
“Aqui onde estou,
falta-me a liberdade”.
Fonte: Freire, C. 2004. Babel de poemas: uma antologia multilíngüe.
Porto Alegre, L&PM.
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