Causação múltipla
John Losee
É prática comum nos
estudos históricos da filosofia da ciência contrastar os pontos de vista de [John
Stuart] Mill e de [William] Whewell. Muitas vezes Mill é apresentado como
identificando a descoberta científica com a aplicação de um esquema indutivo,
enquanto Whewell é apresentado considerando a descoberta científica como a
livre invenção de hipóteses.
É fora de dúvida que Mill
fez afirmativas imprudentes a favor dos seus métodos indutivos. Estes métodos
certamente não são os únicos instrumentos de descoberta na ciência. Mas não
obstante os comentários que Mill fez contra Whewell nesta disputa, ele obviamente
reconhecia o valor da formação das hipóteses na ciência. É pena que os autores
mais recentes tenham superestimado as afirmativas imprudentes de Mill no debate
com Whewell.
Numa discussão da
causação múltipla, por exemplo, Mill restringiu grandemente o domínio de
aplicabilidade dos seus métodos indutivos. Os casos de causação múltipla são
aqueles em que mais de uma causa se acha envolvida na produção de um efeito.
Mill subdividiu os casos de causação múltipla em duas classes: casos em que as várias
causas continuam a produzir os seus próprios efeitos separadamente, e casos em
que o efeito resultante é diferente da soma dos efeitos que seriam produzidos
separadamente. Mill subdividiu ainda esta última classe em casos onde o efeito
resultante é a ‘soma vetorial’ das causas presentes, e os casos em que o efeito
resultante difere em espécie dos vários efeitos das causas separadas. [...]
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