Eu sou aquele que não forja o barco
Sânzio de Azevedo
Eu sou aquele que não
forja o barco
sem de água pressentir o
indício, ao menos.
Longe outros levem de seu
reino o marco;
fico nos meus domínios
mui pequenos...
Mostrou-me o tempo os
dedos multicores
e me tomou as mãos. Desde
esse dia,
eu sou aquele que procura
as flores
onde somente as encontrar
podia.
Sem me forçar, eu sou.
Daí, meu canto,
nem tanta vez agreste nem
sonoro,
brilhar espadas fulvas
quando canto.
e arrebanhar penumbras
quando choro.
Eu sou aquele a quem lhe
basta o sesmo
do exíguo território de
si mesmo.
Fonte: Horta, A. B. 2016.
Do que é feito o poeta. Brasília,
Thesaurus. Poema publicado em livro em 1999.
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