Josaphat
Da Costa e Silva
A trombeta fatal os meus
ouvidos chumba.
Sol Poente. Eu moribundo.
Entra o cortejo roxo
Da Morte. O Padre meu
irmão parece um mocho...
Rezas, viático, a Cruz –
passaportes da Tumba.
Choro de minha mãe –
arrulhos de columba
Meus olhos a ninar... Fecho-os
ao claror frouxo
Do círio bento e vejo,
aos pulos, Satã Coxo,
Em roda do meu leito, à
espera que eu sucumba.
Deixa o corpo a alma e
desce em espirais de tênia
Aos círculos do Inferno,
à maneira de um dobre
De sinos, aos giros no ar...
Dante faz-me uma nênia,
Voltaire, a assobiar,
traça-me o necrológio,
Rezam juntos por mim num
profano Eucológio.
Fonte: Horta, A. B. 2007.
Criadores de mantras. Brasília,
Thesaurus. Poema publicado em livro em 1908.
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