Maré vasa
Expulsos do governo da
cidade,
Descalços, pela noite,
vimos todos
Restituir-Te, à flor dos
nossos lodos,
A dádiva suprema da
verdade.
Nós, o amor, ou antes: a
pureza.
Nós, a virtude, ou antes:
o sorriso.
Expulsos do terreno
paraíso
E com a carne, para
sempre, acesa.
E não foi mais que sonho
o nosso crime!
E não foi mais que sopro
o nosso abraço!
Mas todos Te seguimos,
passo a passo,
À espera do remorso que
redime...
Expiação de quê? De que
pecados,
Se demos rumo eterno a
tantas vidas?
Ó capitão das tropas
esquecidas
Que, assim, deixas morrer
os teus soldados!
Fonte: Silva, A. C. &
Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em
livro em 1961.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home