Do fundo da noite que me cerca
F. Ponce de León
O poeta inglês William Ernest Henley (1849-1903) é comumente lembrado
pelo seu poema ‘Invictus’. Escrito em 1875, durante uma longa temporada que o
autor passou internado em um hospital, o poema – originalmente publicado sem
título – consta da primeira edição do livro A
book of verses (1888). Foi dedicado a ‘R. T. H. B.’, alusão a Robert Thomas
Hamilton Bruce (1846-1899), comerciante escocês, crítico e patrono literário.
Anos atrás, o título foi usado no filme ‘Invictus’ (2009), dirigido por
Clint Eastwood, inspirado em fatos da vida de Nelson Mandela (1918-2013). Nos
seus anos como preso político da coroa britânica, o ex-presidente da África do
Sul teria conhecido o poema, adotando-o como uma fonte de inspiração pessoal.
Ao menos duas versões já foram publicadas entre nós, em traduções de André
C. S. Masini (aqui) e Thereza Christina Rocque da Motta (aqui).
No que segue, ofereço uma nova versão. O original,
extraído do livro A book of verses
(Scribner, 1893, 4ª edição), foi reproduzido em postagem anterior (aqui).
Invictus
William Ernest Henley
Para R. T. H. B.
Do fundo da noite que me cerca,
Preta qual fosso de polo a polo,
Sou grato a qualquer deus que exista,
Por minh’alma insubjugável.
Nas garras cruéis do que enfrento,
Eu não recuei nem pranteei.
Sob os repetidos golpes do destino,
A cabeça sangra, mas está ereta.
Além deste lugar de ira e lamento,
Avulta-se apenas o Horror das
sombras;
E, todavia, o vaticínio do tempo
Acha-me e achar-me-á sem medo.
Não importa quão estreita a porta,
Quão cheio de punições o
pergaminho;
Sou o senhor do meu destino:
Sou o capitão da minh’alma.
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