Sem adulação servil
Otto Jahn
Nós não temos meios de averiguar o valor do que Mozart recebia por suas apresentações em casas particulares; de modo geral, no entanto, a aristocracia estava acostumada a premiar artistas notáveis segundo seus méritos, e a posição excepcional da nobreza vienense permitia que tais artistas aceitassem sua liberalidade, sem perda de dignidade; ainda mais por ser ela baseada em estima verdadeira. O comportamento amistoso de pessoas em altas posições era muito apreciado pelos artistas; e nem faltavam uns poucos que procurassem merecê-lo por meio de servil adulação. De qualquer pecha desse tipo, Mozart sempre ficou inteiramente livre; não só não era ele acorrentado pelas formalidades das distinções de classe, como se comportava em sociedade com toda a independência de um homem que se distinguia, sem jamais recorrer aos abusos muitas vezes permitidos aos homens de gênio. A etiqueta da hierarquia social não era obstáculo para a sua intimidade com o príncipe Karl Lichnowsky; e outro de seus verdadeiros amigos era o conde August Hatzfeld, que era um violinista de primeira qualidade e tocava com Mozart nos quartetos deste último.
Fonte: Solman, J. 1991. Mozartiana: Dois séculos de notas, citações e anedotas sobre Wolfgang Amadeus Mozart. RJ, Nova Fronteira. Comentário publicado em livro em 1856.
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