As belas coisas que é do céu contê-las
Dinaw Mengestu
1.
Às oito horas, Joseph e Kenneth entraram na loja. Vinham até aqui quase toda terça-feira; Aquilo tinha se tornado um hábito para nós três, mesmo que não oficialmente assumido. Às vezes, um deles vinha sozinho. Às vezes, nenhum dos dois aparecia. Ninguém perguntava nada porque não havia nada combinado. Há dezessete anos, nós três éramos imigrantes recém-chegados, trabalhando como camareiros no hotel Capitol. Segundo a placa que ficava na porta principal, o prédio pretendia ser uma espécie de cópia da casa da família Médicis na Itália. Nos fins de semana, os turistas faziam fila para subir até o terraço e ver os atiradores encarapitados no telhado da Casa Branca. Foi ali que Kenneth se tornou Ken, o queniano, e Joseph, Joe do Congo. Eu era mais magro do que sou agora, e, como dizia o gerente, não precisava de um apelido para ele se lembrar que eu era etíope.
Fonte: Mengestu, D. 2008. As belas coisas que é do céu contê-las. RJ, Nova Fronteira.
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