Uma praga tomou conta do planeta
Alan Thein Durning
Imaginemos um filme feito a partir do espaço mostrando a duração do tempo na Terra. Voltemos o filme para rever os últimos 10 mil anos, acelerando de modo que cada milênio se passe em um minuto. Por mais de sete minutos, a tela mostra o que parece ser uma imagem fixa: o planeta azul, suas terras envoltas num manto de árvores. [...] A Revolução Agrícola, que transforma a existência humana no primeiro minuto do filme, é invisível.
Após sete minutos e meio, as terras ao redor de Atenas e as ilhotas do mar Egeu perdem as suas florestas. Estamos no florescimento da Grécia clássica. Fora isso, poucas alterações. Aos nove minutos – mil anos atrás –, o manto cresce ralo em pontos esparsos da Europa, América Central, China e Índia. [...]
Nos últimos três segundos – ou seja, após 1950 –, a mudança se acelera de modo explosivo. Vastas porções de floresta se esvaem no Japão, nas Filipinas e no trecho continental do sudeste asiático, na maior parte da América Central e do chamado chifre da África, na América do Norte ocidental e América do Sul oriental, no subcontinente indiano e África subsaariana. Incêndios campeiam pela bacia amazônica onde isso nunca havia acontecido antes. [...] Florestas desaparecem tão de repente em tantos lugares que se tem a impressão de que uma praga de gafanhotos tomou conta do planeta.
Fonte: Durning, A. T. 1994. In: Brown, L. R., org. Qualidade de vida – 1994. SP, Globo.
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