Evitando o jugo da agricultura
Marston Bates
Nunca saberemos como e porque deram esses primeiros passos para a agricultura, o que deixa um campo esplêndido para conjeturas. O processo foi, certamente, lento e irregular. É provável que nossos ancestrais selvagens estivessem longe de considerar a agricultura como grande benção porque logo envolveu aspectos desagradáveis tais como hábitos regulares e trabalho pesado. No entanto, a agricultura é tarefa insidiosa. Uma vez desenvolvida ou adotada, permite que bem maior número de pessoas viva em certa área de terra, e, dados os hábitos de procriação do homem, surge logo o aumento da população. A tribo fica, depois, sob o jugo da agricultura para sempre, pois os processos antigos não podem fornecer alimento suficiente para o número maior. [...]
Alguns povos caçadores recorrem à agricultura em certas emergências, quando levados a tal ação drástica pela prolongada escassez da caça. Isso mostra que tais povos poderiam ser de agricultores, se quisessem; evitam, porém, essa necessidade desistindo da agricultura logo que as condições da caça voltam ao normal e antes que a população tenha progredido. Alguns dos índios das planícies da América do Norte conseguiram, por acaso da sorte, escapar ao ramerrão da agricultura; adotaram o uso dos cavalos quando estes apareceram por ocasião da invasão espanhola, e, quando descobriram que a população podia ser mantida por esse método mais eficiente de caçar, abandonaram imediatamente a agricultura. [...]
Fonte: Hardin, G., org. 1967. População, evolução & controle da natalidade. SP, Nacional & Edusp. O excerto acima integra obra publicada originalmente em 1952.
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