Nelson Mandela
Joanyr de Oliveira
Estas ruas, negro prisioneiro,
não me fazem livre. As gaivotas
buscam a paz do azul, pombos flutuam,
mas cadeias em meus pulsos
sangram o rosto da manhã inútil.
As velhas mordaças em tua voz
afogam minhas melhores palavras.
Faz frio em mim, negro prisioneiro:
estou a beijar tua história
em brancas mãos sufocantes.
Não estou hoje para a Primavera
nem para as luzes e os anjos.
Sou um poeta de sangue e nervos
e a liberdade é minha sede.
Não estou para a antiga brisa,
estou sim para as ventanias.
Estou para os abismos à espreita
de punhos liberticidas.
Nelson Mandela, converso contigo
do coração de um pássaro em chamas.
Chego ao fundo de teu silêncio
no âmago desta noite indignada.
Fonte: Horta, A. B. 2003. Sob o signo da poesia. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 1992.
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