23 março 2019

Soneto gaúcho

Flávio R. Kothe

Deito-me no chão do pampa gaúcho
deixo o minuano soprar pelo poncho
fico olhando as nuvens da Argentina
sinto as raízes me fincando na terra.

Vejo que sangram meus dedos e peles
sangram saudades do pampa perdido
não sei mais para onde vou ou volto
vivo sem destino, perdido nas gerais.

Retiro as minhas botas e bombachas
mas minh’alma se põe toda pilchada
revoando verdes pagos da saudade.

Companheiros perdidos da querência
no meio do brejo ou no meio do mato
gaúcho nasci, gaúcho hei de morrer.

Fonte: Horta, A. B. 2003. Sob o signo da poesia. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 1992.

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