13 março 2022

A metrópole moderna

Hans Blumenfeld

O aparecimento de uma forma fundamentalmente nova de estabelecimento humano é um fato extremamente raro na história da humanidade. Em pelo menos 5.000 anos, todas as civilizações têm sido caracterizadas predominantemente por dois tipos bem marcados de estabelecimentos: a vila rural e a cidade. Até bem recentemente a grande maioria da população viveu em vilas. Elas não apenas produziam sua própria matéria-prima – alimento, combustível e tecidos – como também manufaturavam e forneciam os serviços necessários. As cidades eram habitadas por apenas uma pequena minoria da população, geralmente menos de 20%. Essa minoria era a elite dirigente – os líderes religiosos, políticos, militares e comerciais – e o setor de trabalhadores, artesãos e profissionais que a servia. Do trabalho dos camponeses, a elite obtinha sua subsistência e poder, obrigando-os a pagar impostos. Esse sistema prevaleceu até o fim do século XVIII, e sua filosofia foi bem expressa pelos fisiocratas dessa época, entre os quais se encontrava Thomas Jefferson.

A revolução industrial modificou drasticamente a distribuição da população entre vilas e cidades. Justus Moeser, da Alemanha, contemporâneo de Jefferson, previu desde o início da revolução o que estava por vir; ele observou que “a distribuição especializada do trabalho força os trabalhadores a viver em grandes cidades”. Com o aumento da especialização teria de ocorrer um estreitamente da cooperação entre as especialidades, tanto dentro das oficinas e fábricas como entre elas. A divisão do trabalho e o aumento da produtividade tornaram possível a concentração humana em cidades, e a cooperação do trabalho tornou-se necessária, uma vez que o novo sistema exigia a proximidade de trabalhadores de diversas especialidades e de diversos estabelecimentos, forçados a intercambiar bens e serviços.

Fonte: Blumenfeld, H. 1977 [1967]. In: Vários. Cidades: A urbanização da humanidade. RJ, Zahar.

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