30 agosto 2022

Ofélia

Alceu Wamosy

A lua,
– a saudade que o sol deixa na alma do espaço –
pelas águas do lago
vai levando a doidice errante de seu passo,
como uma virgem nua,
delirante, em um sonho arcangélico e vago.

Há camélias de luz florindo entre a água verde-escura.

E, como um triste cisne preto,
pela bruma,
passa a visão sonâmbula de Hamleto,
despetalando, uma por uma,
todas as rosas de um jardim de sonho e de loucura...

Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado em livro em 1923.

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