07 novembro 2022

A julgar pelas estatísticas, as taxas (casos e mortes) não estão a escalar

Felipe A. P. L. Costa [*].

RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia divulgadas em artigo anterior (aqui). No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento. Entre 31/10 e 6/11, as taxas ficaram em 0,0109% (casos) e 0,0053% (mortes). São os valores mais baixos desde o início da crise. (Estes resultados estão na contramão de matérias divulgadas pela imprensa, dias atrás, alertando para uma possível escalada no número de casos.) O sinal amarelo deve permanecer ligado. Máscaras e vacinas devem continuar na ordem do dia, sobretudo no interior de recintos fechados.

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1. ESTATÍSTICAS MUNDIAIS: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES.

Levando em conta as estatísticas mundiais obtidas na manhã de hoje (7/11) [1], eis um resumo da situação.

(A) – Em números absolutos, os 20 países mais afetados [2] estão a concentrar 74% dos casos (de um total de 632.678.404) e 69% das mortes (de um total de 6.600.787) [3].

(B) – Nesses 20 países, 456 milhões de indivíduos receberam alta, o que corresponde a 96% dos casos. Em escala global, 618 milhões de indivíduos já receberam alta.

(C) – Olhando apenas para as estatísticas das últimas quatro semanas, eis um resumo da situação: (i) em números absolutos, a lista está a ser liderada pela Alemanha, com 1,88 milhão de novos casos; (ii) entre os cinco primeiros da lista, estão ainda a França (1,16 milhão), Japão (1,13), Estados Unidos (1,05) e Taiwan (1,02). O Brasil (142 mil) está agora na 15ª colocação; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue a ser liderada pelos Estados Unidos (9,9 mil); em seguida aparecem Alemanha (4 mil), Rússia (2,35), Itália (1,92) e França (1,86). O Brasil (1,63) está agora na 8ª colocação.

2. ESTATÍSTICAS BRASILEIRAS: SEMANA 31/10-6/11.

Ontem (6/11), de acordo com o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, foram registrados em todo o país mais 1.077 casos e 6 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 34.851.450 casos e 688.348 mortes.

Na semana encerrada ontem (31/10-6/11), foram registrados 26.584 casos e 256 mortes. Ambos caíram em relação aos números da semana anterior (24-30/10: 41.080 casos e 518 mortes).

3. O RITMO DA PANDEMIA EM TERRAS BRASILEIRAS.

Para monitorar de perto o ritmo e o rumo da pandemia, sigo a usar como guias as taxas de crescimento no número de casos e de mortes. Ambas literalmente despencaram – a ponto de deixar este observador desconfiado... Vejamos os resultados mais recentes.

A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,0169% (24-30/10) para 0,0109% (31/10-6/11) (ver a figura que acompanha este artigo) [4].

A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, caiu de 0,0108% (24-30/10) para 0,0053% (31/10-6/11).

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FIGURA. Comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 27/2 e 6/11/2022. (Para resultados anteriores, ver aqui.)

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4. CODA.

As taxas de casos e mortes literalmente despencaram. Estes resultados, curiosamente, estão na contramão de matérias divulgadas pela imprensa, dias atrás, alertando para uma possível escalada no número de casos e, por extensão, no de mortes (e.g., aqui e aqui). (Após várias semanas de cobertura silenciosa e meramente burocrática, a grande imprensa tornou a falar da pandemia em tom de preocupação.)

É possível que, por algum motivo, as estatísticas que estou a usar (ver item 2) não estejam mais refletindo o que se passa no mundo real. Tal desconexão seria muito preocupante, para todos nós. Por seu turno, também não podemos abrir mão da hipótese de que as referidas matérias jornalísticas tenham sido fruto de uma cobertura enviesada ou parcial (e.g., a partir de estatísticas que não representam a situação do país). Não seria a primeira vez que a nossa imprensa estaria a incorrer neste tipo de erro.

Fato é que o sinal amarelo deve permanecer ligado. Máscaras e vacinas devem continuar na ordem do dia, sobretudo no interior de recintos fechados. (Lembrando que a vacina combate a doença, mas não impede o contágio. O que pode impedir o contágio é o uso correto de máscara facial.)

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NOTAS.

[*] Há uma campanha de comercialização envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.

[1] Como comentei em ocasiões anteriores, as estatísticas de casos e de mortes estão a seguir o painel Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA), enquanto as de altas estão a seguir o painel Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).

[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em 11 grupos: (a) Entre 95 e 100 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 40 e 45 milhões – Índia; (c) Entre 35 e 40 milhões – França e Alemanha; (d) Entre 30 e 35 milhões – Brasil; (e) Entre 25 e 30 milhões – Coreia do Sul; (f) Entre 20 e 25 milhões – Reino Unido, Itália, Japão e Rússia; (g) Entre 15 e 20 milhões – Turquia (estatísticas congeladas há mais de duas semanas); (h) Entre 12 e 15 milhões – Espanha; (i) Entre 10 e 12 milhões – Vietnã e Austrália; (j) Entre 8 e 10 milhões – Argentina e Países Baixos; e (k) Entre 6 e 8 milhões – Taiwan, Irã, México e Indonésia.

[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver os volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui). Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver qualquer um dos três primeiros volumes.

[4] Para conferir os valores numéricos, ver aqui (entre 27/12/2021 e 26/6/2022) e aqui (semanas anteriores).

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