11 teses sobre educação e política
Dermeval Saviani
As reflexões expostas podem ser ordenadas e sintetizadas através das teses seguintes:
Tese 1: Não existe identidade entre educação e política.
Corolário: educação e política são fenômenos inseparáveis, porém efetivamente distintos entre si.
Tese 2: Toda prática educativa contém inevitavelmente uma dimensão política.
Tese 3: Toda prática política também contém, por sua vez, inevitavelmente uma dimensão educativa.
Obs.: As teses 2 e 3 decorrem necessariamente da inseparabilidade entre educação e política afirmada no corolário da tese 1.
Tese 4: A explicitação da dimensão política da prática educativa está condicionada à explicitação da especificidade da prática educativa.
Tese 5: A explicitação da dimensão educativa da prática política está, por sua vez, condicionada à explicitação da especificidade da prática política.
Obs.: As teses 4 e 5 decorrem necessariamente da efetiva distinção entre educação e política afirmada no corolário da tese 1. Com efeito, só é possível captar a dimensão política da prática educativa e vice-versa, na medida em que essas práticas forem captadas como efetivamente distintas uma da outra.
Tese 6: A especificidade da prática educativa se define pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários não antagônicos.
Corolário: a educação é, assim, uma relação de hegemonia alicerçada, pois, na persuasão (consenso, compreensão).
Tese 7: A especificidade da prática política se define pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários antagônicos.
Corolário: a política é, então, uma relação de dominação alicerçada, pois, na dissuasão (dissenso, repressão).
Tese 8: As relações entre educação e política se dão na forma de autonomia relativa e dependência recíproca.
Tese 9: As sociedades de classe se caracterizam pelo primado da política, o que determina a subordinação real da educação à prática política.
Tese 10: Superada a sociedade de classes, cessa o primado da política e, em consequência, a subordinação da educação.
Obs.: Nas sociedades de classes, a subordinação real da educação reduz sua margem de autonomia, mas não a exclui. As teses 9 e 10 apontam para as variações históricas das formas de realização da tese 8.
Tese 11: A função política da educação se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica.
Obs.: A tese 11 se põe como conclusão necessária das teses anteriores que operam como suas premissas. Trata-se de um enunciado analítico, uma vez que apenas explicita o que já está contido nas premissas. Esta tese afirma a autonomia relativa da educação em face da política como condição mesma de realização de sua contribuição política. Isto é óbvio uma vez que, se a educação for dissolvida na política, já não cabe mais falar de prática pedagógica, restando apenas a prática política. Desaparecendo a educação, como falar de sua função política?
Fonte: Saviani, D. 1986. Escola e democracia, 11ª ed. SP, Cortez & Autores Associados.
Tese 2: Toda prática educativa contém inevitavelmente uma dimensão política.
Tese 3: Toda prática política também contém, por sua vez, inevitavelmente uma dimensão educativa.
Obs.: As teses 2 e 3 decorrem necessariamente da inseparabilidade entre educação e política afirmada no corolário da tese 1.
Tese 4: A explicitação da dimensão política da prática educativa está condicionada à explicitação da especificidade da prática educativa.
Tese 5: A explicitação da dimensão educativa da prática política está, por sua vez, condicionada à explicitação da especificidade da prática política.
Obs.: As teses 4 e 5 decorrem necessariamente da efetiva distinção entre educação e política afirmada no corolário da tese 1. Com efeito, só é possível captar a dimensão política da prática educativa e vice-versa, na medida em que essas práticas forem captadas como efetivamente distintas uma da outra.
Tese 6: A especificidade da prática educativa se define pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários não antagônicos.
Corolário: a educação é, assim, uma relação de hegemonia alicerçada, pois, na persuasão (consenso, compreensão).
Tese 7: A especificidade da prática política se define pelo caráter de uma relação que se trava entre contrários antagônicos.
Corolário: a política é, então, uma relação de dominação alicerçada, pois, na dissuasão (dissenso, repressão).
Tese 8: As relações entre educação e política se dão na forma de autonomia relativa e dependência recíproca.
Tese 9: As sociedades de classe se caracterizam pelo primado da política, o que determina a subordinação real da educação à prática política.
Tese 10: Superada a sociedade de classes, cessa o primado da política e, em consequência, a subordinação da educação.
Obs.: Nas sociedades de classes, a subordinação real da educação reduz sua margem de autonomia, mas não a exclui. As teses 9 e 10 apontam para as variações históricas das formas de realização da tese 8.
Tese 11: A função política da educação se cumpre na medida em que ela se realiza enquanto prática especificamente pedagógica.
Obs.: A tese 11 se põe como conclusão necessária das teses anteriores que operam como suas premissas. Trata-se de um enunciado analítico, uma vez que apenas explicita o que já está contido nas premissas. Esta tese afirma a autonomia relativa da educação em face da política como condição mesma de realização de sua contribuição política. Isto é óbvio uma vez que, se a educação for dissolvida na política, já não cabe mais falar de prática pedagógica, restando apenas a prática política. Desaparecendo a educação, como falar de sua função política?
Fonte: Saviani, D. 1986. Escola e democracia, 11ª ed. SP, Cortez & Autores Associados.
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