Saúde para todos
Alwyn Smith
Pela primeira vez na nossa história, sabemos actualmente alguma coisa do número e variedade dos membros da nossa espécie e dos seus problemas e necessidades. Contudo, só podemos tentar adivinhar o que nos trará o futuro próximo. Aprendemos pouco com o nosso passado, e a maior parte de nós continua ignorante das necessidades da existência colectiva e individual.
É todavia possível definir o essencial. Muitos indivíduos que sobrevivem ao nascimento são capazes de viver de forma útil e gratificante até ao limite que a nossa experiência evolucionária programou na nossa constituição genética. A imposição desse limite é habitualmente precedida por uma incapacidade progressiva, que é humano aliviar, mas inútil procurar impedir. Temos os meios de regular a nossa fertilidade com forma que permitem a satisfação da nossa sexualidade, assim como de prevenir as infecções aproveitando, ao mesmo tempo, os benefícios dos grandes agregados populacionais. Parece claro que podemos suportar populações várias vezes maiores que as actuais, desde que utilizemos métodos eficientes de produção alimentar, consumamos apenas o necessário à nossa saúde e distribuamos os alimentos de acordo com as necessidades e não com os lucros. Não parece haver razões para que não controlemos o lançamento no meio ambiente de substâncias bioactivas cujos efeitos no equilíbrio sanitário desconhecemos e para que não aumentemos o nosso entendimento das condições ambientais que melhor suportem e menos ameacem a nossa sobrevivência. Há motivos para pensar que a natureza e a quantidade de trabalho de que necessitamos para assegurar a nossa saúde e a nossa feliz sobrevivência não são de modo a impedir que esse trabalho seja também gratificante e inofensivo.
Fonte: Smith, A. 1989 [1986]. Saúde para todos no ano 2000? In: Rose, S. & Appignanesi, L., orgs. Para uma nova ciência. Lisboa, Gradiva.

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