Sobre o cisne de Stéphane Mallarmé
Eduardo Guimaraens
Um cygne d’autrefois se souvient que c’est lui
Um Sonho existe em nós como um cisne num lago
de água profunda e clara e em cujo fundo existe
outro cisne alvo e triste, e ainda mais alvo e triste
que a sua forma real de um tom dolente e vago.
Nada: e os gestos que tem, de carícia e de afago,
lembram da imagem tênue, onde a tristeza insiste
por ser mais alva, a graça inversa em que consiste
a dolente mudez de um espelho pressago.
Um cisne existe em nós como um sonho de calma,
plácido, um cisne branco e triste, longo e lasso
e puro, sobre a face oculta de nossa alma.
E a sua imagem lembra a imagem de um destino
de pureza e de amor que segue, passo a passo,
este sonho imortal como um cisne divino!
Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado (postumamente) em livro em 1944. ‘Eduardo Guimaraens’ é assinatura literária de Eduardo Gaspar da Costa Guimarães.
de água profunda e clara e em cujo fundo existe
outro cisne alvo e triste, e ainda mais alvo e triste
que a sua forma real de um tom dolente e vago.
Nada: e os gestos que tem, de carícia e de afago,
lembram da imagem tênue, onde a tristeza insiste
por ser mais alva, a graça inversa em que consiste
a dolente mudez de um espelho pressago.
Um cisne existe em nós como um sonho de calma,
plácido, um cisne branco e triste, longo e lasso
e puro, sobre a face oculta de nossa alma.
E a sua imagem lembra a imagem de um destino
de pureza e de amor que segue, passo a passo,
este sonho imortal como um cisne divino!
Fonte: Ricieri, F., org. 2008. Antologia da poesia simbolista e decadente brasileira. SP, Ibep. Poema publicado (postumamente) em livro em 1944. ‘Eduardo Guimaraens’ é assinatura literária de Eduardo Gaspar da Costa Guimarães.

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