Estas
William Carlos Williams
são as semanas desoladas, escuras
quando a natureza na sua aridez
equivale à estupidez do homem.
O ano mergulha na noite
e o coração mergulha
mais fundo que a noite
para um lugar vazio, exposto
sem sol, estrelas ou lua
só uma luz rara como de pensamento
que gira um fogo escuro –
rodopiando sobre si mesma até que,
no frio, ela queima
para alertar um homem do nada
que ele sabe, não a solidão
em si – Não um fantasma mas
seriam abraçados – vazio,
desespero – (Eles
lamentam e assobiam) entre
os relâmpagos e estrondos da guerra;
casas em cujos quartos
o frio é maior do que se pensa,
se foram as pessoas que amávamos,
as camas deitadas vazias, as poltronas
umedecem, as cadeiras novas –
Esconda em algum lugar longe
fora da mente, deixe que crie raízes
e cresça, sem relação com ouvidos
e olhos ciumentos – por si mesma.
Na mina eles vieram a cavar – tudo.
É este o recibo para a música
mais doce? A fonte de poesia que
ao ver o relógio parado, diz,
Parou o relógio
que ontem batia tão bem?
e escuta o som das águas do lago
esguichando – é pedra agora.
Fonte: versão publicada antes na revista eletrônica Zunái e republicada aqui com o devido consentimento da tradudora, Virna Teixeira, a quem agradeço pela cortesia.
1 Comentários:
Bom dia, Felipe.
Foi uma grata surpresa descobrir teu blog literário. Em primeiro lugar, pelo título, que já expressa uma condenação à guerra e, por conseqüência, à violência. É verdade que nem sempre a literatura se opõe à guerra, como se pode ver, por exemplo, na poesia épica de Homero. Porém, a literatura tem uma forte tradição humanista, questionadora da violência e da opressão. Aliás, é isso que eu sempre busco ao escolher livros ou filmes. E é isso que o teu blog nos oferece, seja com o lirismo de teus próprios textos ou com a excelente seleção de poemas e trechos em prosa que reproduzes para teus leitores. Parabéns pela iniciativa. Saiba que terás aqui no sul um leitor cativo.
Um abraço,
Artur
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