Vinte mil léguas submarinas
Júlio Verne
1.
Em 1866, os mares foram invadidos por algo que parecia sobrenatural. Talvez um animal ou um objeto gigantesco, maior e mais rápido que uma baleia. Navegava sob a superfície e à noite desprendia forte luminosidade.
Os primeiros registros do fenômeno ocorreram no oceano Pacífico. Depois, no Atlântico, do outro lado do mundo. O assunto tomou conta do noticiário dos jornais. As opiniões se dividiam. Uns acreditavam na veracidade dos relatos. Outros diziam que tudo resultava da imaginação dos navegantes ou dos jornalistas.
(...)
2.
Eu estava ainda no meu hotel em Nova York quando recebi uma carta da Marinha dos Estados Unidos. Convidava-me para acompanhar a expedição do Abraham-Lincoln.
– Conselho! – chamei.
Conselho era meu criado, um rapaz dedicado que me acompanhava em todas as viagens de pesquisa. Estava no outro cômodo de minha suíte no hotel e não tardou a atender:
– Sim, professor Aronnax?
– Prepare nossas malas. Vamos embarcar hoje mesmo.
(...)
3.
Durante um bom tempo, a viagem do Abraham-Lincoln transcorreu sem incidentes. Seguimos para o Atlântico sul, ao longo da costa da América do Sul. Contornamos o cabo Horn e entramos no oceano Pacífico.
(...)
4.
A queda levou-me a tal profundidade que só a muito custo consegui voltar à tona. Após recuperar o fôlego, procurei localizar o navio no meio da escuridão. Consegui ver suas luzes já a uma boa distância. Nadei naquela direção, gritando:
– Socorro! Socorro! Estou aqui!
A roupa encharcada atrapalhava-me os movimentos. Seu peso puxa-me para o fundo. A água salgada entrou por minha garganta. Tomado pelo pânico, debati-me desesperadamente para tentar manter-me à superfície.
(...)
Fonte: Verne, J. 2003. Vinte mil léguas submarinas. SP, Scipione.
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