05 outubro 2012

Dentro e fora do laboratório

Michael R. Rose

Um tema perene de debate entre os biólogos populacionais é a relação entre as informações obtidas no contexto laboratorial e as coligidas em campo. A maioria dos [ecólogos] adota o ponto de vista de que não se sabe se os processos conhecidos apenas em laboratório ocorrem “na natureza”. Outros, particularmente os que têm uma propensão para a genética, tendem a retrucar que o laboratório também faz parte do mundo natural, não sendo um bizarro campo do outro mundo.

Em quase toda a física e a química, as demonstrações de laboratório são perfeitamente válidas. Os químicos não sentem nenhuma compulsão a reproduzir suas reações em florestas durante tempestades. Similarmente, os geneticistas mostram pouco interesse em repetir seus cruzamentos fora de recintos fechados. Para todos esses cientistas, se uma coisa acontece no laboratório, e se sempre acontece ali de uma mesma maneira, são poucas as informações adicionais a obter do lado de fora.

O problema legítimo levantado pelos [ecólogos] é que muitas das situações que existem “na natureza” são destruídas pela cultura em laboratório. Não há questões climáticas, não há predadores e não há concorrentes. Além disso, alguns geneticistas populacionais assinalam que os padrões de expressão dos genes podem alterar-se, quando os organismos são retirados do campo para o laboratório, o que, a seu ver, torna duvidosas as inferências laboratoriais.
[...]

Fonte: Rose, M. R. 2000. O espectro de Darwin. RJ, Jorge Zahar.

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