Quarenta anos
Fernando Py
Sinto a velhice em mim
oculta e rude
em meio ao sol e ao riso
da manhã,
nesse engano das horas,
nessa vã
esperança de eterna
juventude
que se desfaz de mim, e
sou maçã
mordida, podre, e rio e
não me ilude
esse carinho, essa
algazarra. O alude
dentro de mim começa.
Mesmo sã,
a estrutura se abala em
sombra e ruga
e os caminhos só descem,
pesa o fardo,
e entre cinzas de mim,
alheio, ardo
de um fogo já morrente em
sua fuga.
Mesquinho embora, curvo e
pungitivo,
meu corpo vibra e se
deseja vivo.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP,
Leya. Poema – dedicado ‘a Carlos Nejar’ – publicado em livro em 1981.
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